domingo, 28 de dezembro de 2008

sábado, 27 de dezembro de 2008

2008, Odisséia em Macondo

Eu sei que você iria me contar tudo.
De como assistiu aquele gol no cinema. Em preto e branco! Você diria.
Eu sei que aquela seleção jamais voltará e que os que não morreram à mingua, estão minguando a vida.
O gol bossa nova! Não Coronel, a própria Bossa Nova que comemora seu ano natalício junto com o teu fenecer.
Sabe Coronel, as coisas estão fora da ordem, não da Nova Ordem Mundial, pois está já se tornou fado diplomático. Eu quero lhe recordar do que me falava, do clássico do ser, do moral-normal que eu jurava ser esquizofrênico ... tudo hoje em dia parece tão prolixo e o que você diria disso?
Coronel, este ano dos cinqüenta, este foi meu ano do terço de século, este ano foi assim, sem perceber, o ano da completa falta de amor ... Coronel, você, o taurino mais passional de todo o nordeste da ilha de santa cruz teria socado as paredes ou quebrado seu diabo de antenas.
Mas o eixo não mudou, ainda podemos contar com a translação e rotação.
E o que dizer do seu esporte?
Mestre, Maradona é técnico da Argentina e Ronaldinho (fenômeno) está treinando no Corintians ... ahhh o Dunga provou que era mais eficiente na equipe da Branca de Neve do que no comando dos canários.
Mas Mestre, teve show da Madonna estes dias e o melhor: O NOVO PRESIDENTE DO MUNDO É DEMOCRATA, NEGRO, MUÇULMANO E JÁ APERTOU AS MÃOS DE RAUL CASTRO EM UM GESTO DE DIPLOMACIA INTERNACIONAL!!

Ahhh Mestre Coronel Aureliano, eu daria minha preciosa coleção de Mini Monstros em torca do seu sorriso anil ao ouvir estas notícias.

Silêncio

Não há mais bombas em meu quintal,
Com elas foram-se também as flores.
E este silêncio infernal,
Reflete bem as minhas dores.

Não há mais bombas em meu quintal,
E se um dia nascerem rosas?
E se um dia nascerem tumores?
Refletem bem as minhas dores.

Cadê as pedras da minha casa?
Cadê as páginas da minha história?
Chegou o dia!
Nasceram rosas!
Chegou o dia!
Nasceram tumores!

ps: encontrado no fundo falso de uma gaveta de coisas do extinto colegial.

tarde outonal em macondo

se eu conseguisse expressar o quanto valem a pena! o quanto eu fui a pena de vocês! o quanto os quero e preciso ... mas não consigo, não em poucas linhas. mas afirmo: ACORDO DIARIAMENTE E ME DEITO EM FUNÇÃO DE VOCÊS! o que me resta? MUITO OBRIGADA POR ME DEIXAREM EXISTIR E POR EXISTIREM PARA MIM!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Sistema Somático

Não espirre perto de mim, eu vou ficar gripada.
Boca seca, lábios rachados, pele amarela, deitada em sossego. O sossego dos vivos, aquele que não vale.
Imóvel condição! Alimento tubular! Pneumonia! Três dedos albinos! Ossos à vista! Pernas minando!
“Que Deus tende-misericória!”
“AMÉM!”
Babava de boca aberta. Estafa mental de 10 anos e eu já disse que chega!
Cansei, cansei, cansei, cansei, cansei... o mantra do desgraçado.
Chorar algumas horas, perder algumas noites de sono, dores insuportáveis na coluna, espinhos na carne, areia nos olhos.


Já são 5 para as 5. Cinqüenta paus alimentam meu GT.
Deixa eu ir, antes que me canetem.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

And I guess that I just don't know / And I guess that I just don't know / And I guess that I just don't know / And I guess that I just don't know

Choose life.
Choose a job.
Choose a career.
Choose a family.
Choose a fucking big television.
Choose washing machines, cars, compact disc players, and electrical tin openers.
Choose good health, low cholesterol and dental insurance.
Choose fixed- interest mortgage repayments.
Choose a starter home. Choose your friends.
Choose leisure wear and matching luggage.
Choose a three piece suite on hire purchase in a range of fucking fabrics.
Choose DIY and wondering who you are on a Sunday morning.
Choose sitting on that couch watching mind-numbing sprit- crushing game shows, stuffing fucking junk food into your mouth.
Choose rotting away at the end of it all, pishing you last in a miserable home, nothing more than an embarrassment to the selfish, fucked-up brats you have spawned to replace yourself.
Choose your future.
Choose life... But why would I want to do a thing like that?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

taxa de compra 2,3642 / taxa de venda 2,365

1st: You do not talk about FIGHT CLUB.
2nd: You DO NOT talk about FIGHT CLUB.
3rd: If someone says "stop" or goes limp, taps out the fight is over.
4th: Only two guys to a fight.
5th: One fight at a time.
6th: No shirts, no shoes.
7th: Fights will go on as long as they have to.
8th: If this is your first night at FIGHT CLUB, you HAVE to fight.
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eu prefiro VELORIA
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quarta-feira, 8 de outubro de 2008

eu? funcionário público? carregando água pra puta?

Hoje eu ouvi no rádio um economista falando sobre a crise mundial e o declínio da bolsa de valores.
E eu aqui, preocupada com a inclinação da rampa dos estacionamentos subsolos de Taboão da Serra.
Crediário? eu? nunca fiz, e há prospectos para que nunca faça.
Corte de funcionários
Juros aumentando
Férias coletivas
Infarto na bolsa!



E me mandaram dizer 33
Jamais!
Com apenas 25 anos de sonho, sangue e América do Sul, eu não vou dançar um tango argentino.
Nó nas tripas
Sangue nos zóio
Ulcerações faciais
Queda de cabelo
Varizes e uma sinusite insuportável



Preciso trocar as músicas do meu mp10

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Setim da Estrela Matutina

Angélica, sentada na varanda com as bonecas de cabelos anelados.
Seu fiel escudeiro, chacal ruivo de um olho azul e outro verde, velando a pequeña señorita.
Ahh Angélica, chovia lá fora e você nem viu. Distraída com seu comercial de margarina num furgão.
Ahh Angélica, a lúdica imaculada de dedos compridos, procurando a sapatilha preta.
Venha almoçar Angélica!


Ela arrumou as bonecas em uma sacola e passou seu desodorante. Angélica odiava usar batom.
Tinha medo dos olhares masculinos procurando o trançado de suas pernas.
Mas que merda, não existe mais o simbolismo?
OSSANHA TRAIDOR!
Ahh Angélica, what´s up in your pillow? He knows your secrets...
Das fotos preto e branco que Angélica postava, tudo se perdeu, foi deixado de lado.
O rapaz do cajado árabe repelia e se deixava levar pelos amigos.


Bela Angélica Imaculada em seu mundo cor de rosa!
O inferno de dois anos! Uma bagagem cultural! Uma personalidade reflexiva e Angélica explode em traços curvos e coloridos, embriagados pelo fel que escorreu depois dos dias de sol.


Maldito árabe!
Eu te matei e matei Angélica também e matei a camisola amarela também e matei a aborígine também e ví o último suspiro do Tigre.
Adeus Angélica, a vida começa a ficar um pouco menos densa sem seus sonhos monocoloridos e suas verdades absolutas.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Cosme e Damião

eu ia escrever sobre este tal Eduardo, desisti...
maldito Eduardo, gostei do que escreve
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não eu, o Cosme gostou...mas quando o Damião ler isso...
hummmm
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NÃO vale a pena ler este texto, mas eu lí e gostei não gostando!
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http://www.eduardohaak.kit.net/claricelispector.html

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Lina Bo e a última petala

A última pétala não estava na napolitana, como eu queria, estava no vão.
Naquele dia eu devo ter me confundido...de novo.
Me enfeitando, me enganando, me esquecendo, negligenciando as minhas verdades, os ideais.
No mirante eu ví, a avenida que me disseram e não fazia sentido não ver Santo Amaro.
Depois disso veio o inferno de dois anos. Ventos frios que cortavam os lábios ressecando os olhos, ainda que umedecidos.
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Engraçado, 9.145 meses e 25 dias de um longo Canto de Ossanha e por isso fodido não tem vez!
Nunca usei aquela bolsa.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

setembro de 1992, sentados no quintal.

- Tia, dividir não é tudo igual?
- É meu filho.
- Então porque a Nina ficou com mais bolachas que eu?
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Passaram-se quinze anos, alguns ollies, kickflips, fronts e backsides e eu ainda falo com ele tentando enganá-lo.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Os Melhores da Melhor

para todos os que nunca sentiram o gosto amargo de uma barata mas que por várias vezes morreram calados diante da mediocridade de quem não entende.

http://www.4shared.com/network/search.jsp?searchmode=2&searchName=clarice

Coronel Aureliano Buendia

Com os olhos cheios de orgulho ele me contava sobre suas guerras e seus filhos.
Escapou de quatorze atentados, setenta e três emboscadas e um pelotão de fuzilamento.
Recusou a Ordem do Mérito que lhe outorgou o Presidente da República.
Dispensou a pensão vitalícia que lhe ofereceram depois da guerra e viveu até a velhice dos peixinhos de ouro que fabricava na sua oficina.
Me chamou em uma manhã de sábado, desses meses de calor, para ver o que eu tinha.
- Você tem que saber trocar esta borracha e tem que saber também do drible da folha seca e tem que saber também que os pistões ficam sujos por causa do péssimo combustível.
50 anos em 25 e a sete meses eu ainda escuto sua voz.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Avareza

Ter nascido me estragou a saúde.
(LISPECTOR, Clarice)

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Notches de Miller

no fim da sombra eu ví, projetada no chão, a cor vermelho-pasta na camisola amarela. na escada. como quem se despedia. nem sei em quantos degraus. mas estava tudo em preto e branco.
duas sombras corriam juntas para a abertura branca. um medo da perda. tropeço na escada. já nem sei mais o tempo verbal.
diga adeus a menininha! vai ser difícil esquecer a camisola. mas tudo que estava destorcido com cheiro de cacau foi melhorando. até o jato de nanquim no piso. até o perfume do jardim de peônia.
tudo vai ficar bem mais fácil.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

August: FATAL ERROR

Previsível
Cachorro louco previsível!
Já era de se esperar.
Você venceu e eu vou continuar sentada no pretérito imperfeito.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O menino-homem-tigre

Eu via ninfas com cabeça de bode dançando em torno daquela fogueira.
Os homens, com suas cabeças de fogo e barba talibã, encantavam as ninfas usando suas harpas douradas.
No meio da noite cabeças ejetavam de seus corpos e se dissolviam no ar.
Aurora boreal no céu de estrelas!!

As ninfas, já enlouquecidas, despidas sem pudor devoravam os homens-barba-talibã.
A ninfa roxa cantava seu hino a bel canto que explodia os corpos dos rapazes com tronco de besta.
Foi então que o centurião chegou, com seu chifre unicórnio e suas vestes brancas.
Desceu do disco amarelo com seu cajado e abriu a boca emitindo seu grito abafado ensurdecendo as ninfas nuas e espalhando a fogueira.

Naquele dia eu vi, chorando na cadeira marrom o menino-homem-tigre.
Ele queria se erguer, mas se perdeu durante a dança da lua em aquário.
Pobre menino, com seus vasos estourados e suas pernas inchadas.

Naquele dia eu vi, o menino-homem-tigre e seu sorriso anil com a mão estendida feliz ao ver sua mãe.

Naquele dia eu senti, que o chão se abriu e eu sumi no rochedo. Caí nos espinhal e me debatia tentando sair.
Chorei mais que o menino-homem-tigre e me contorcia por dentro e por fora.
O sorriso anil do menino-homem-tigre não saia da minha cabeça e eu chorei para o centurião por causa da ninfa rosa.
Ela tentou comer minha cabeça!
O centurião me bateu com seu cajado e me mandou para os espinhos.
O chão se abriu de novo e eu vi, o menino-homem-tigre gritando meu nome me chamando de mãe.
Peguei o cajado do centurião e matei a ninfa rosa.
A ninfa roxa cantou para mim tentando enfeitiçar, mas me lembrei do sorriso anil e fui mais forte.
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Hoje, o céu está mais limpo.
O céu ficou mais anil...deve ser o sorriso do menino-homem-tigre!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Felicidade Clandestina




Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.
Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás a palavras como “data natalícia” e “saudade”.
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia
de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim um tortura chinesa.
Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar
pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo.
Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte.
Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu coração batendo.
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.
Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresaexclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo.
E para mim: “E você fica com o livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia mais do que me dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar.
Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Gisele e o símbolo

Positiva!
Você tem medo!
Positiva!
Maldita Gisele e sua calça pantalona colorida.
Você nasceu às 13:00 horas, pobres nascem de madrugada.
Entrei naquela noite e ela sorriu, questionou confirmando meu nome e disse: Entre.
Cubo azul com um divã.
Implorei para que ele ficasse e pedi desculpas pelas falhas e eu chorava como criança.
Ai que lindo! Ela disse
E valeu tanto que nem você sabe, mas valeu tanto.
ORÁCULOS DE CAMILA

Mas que medo é esse?
Queimei meus dedos quando criança por causa da lua em touro!
Negro? Queimado de sol!
Com sorriso branco e órdens de general, mas como me amava!

E eu que tinha meses e já deixava de chorar ao ouvir seu nome.
Agora eu começo a chorar toda a vez que alguém fala dele.

Gisele positiva quer me ajudar
Melhorar meus ares, dizer quem eu sou.
Gisele positiva...às vezes eu te manipulo e você nem notou
Às vezes eu me manipulo e eu nem notei.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

I Need Your Lovin´Like The Sunshine

Agosto.
Cansei, cansei, cansei, cansei, cansei ... o mantra do desgraçado!
Ontem foi mais um dia da maldita janela. Até quando?
Não há nada que se faça, que se tente fazer porque eu cansei da espera.
Tentar para que?
PRECISA-SE DE PEDREIRO
Eu queria aquele sorriso de volta, mas quem me garante?
O cloridrato de nortriptilina?
10, 25, 50, 75 ... miligramas
Você! Você me diga o que quer!

Agosto. Eu não queria agosto.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Waiting For The Moon to Rise

Quase Agosto.
Última semana de Julho e a expectativa aumenta. Não acreditei nela.
Mas a profissão aconteceu.
Quase Agosto mas sábado era Julho ainda.
Mas ele foi o passado, recente, mas passado. E eu devo rever o passado em Agosto, foi o que ela disse.
Eu voltei domingo criando diálogos na janela. Maldita janela da solidão. Havia espaço ao meu lado, o mesmo espaço de sempre.
Mas eu não acredito nela e nem sei se quero ele.
E esses dias de quase Agosto me consomem. Eu quero fugir de Agosto e depois quero passar por ele e desafiar: "Não era você que estava em Agosto?"
Depois das 14h eu sempre me transfiguro.
Galeria de domingo colorida mas sem gosto. Nem mais uso todos os sentidos a espera de Agosto.
O mês do cachorro louco ... a última semana
E se passar Agosto como passaram Janeiro, Fevereiro ... Junho, Julho?
Vai passar Agosto: 2008, 2018, 2028 ...
Vai passar Agosto.

sábado, 28 de junho de 2008

Ela era meio assim:

Se doia toda

Morria desde pequena

Poucos sabiam como sempre morria

Poucos entendiam porque ela morria

Cheia de saúde física e de humor-debochado-irônico

Poucos entendiam como ela morria
Aos que não entendiam, restava o sorriso de lado e as piadas de bêbado
Restava a malandragem copiada para enganar

Numa manhã de domingo ela acordou sem paladar e quando abriu os olhos, percebeu que não havia dormido.

...

...

Ela se viu, sossegada, sóbrea como nunca havia acontecido

Ela sorriu e chorou e sorriu e chorou, até que se calou e adormeceu novamente.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

COTIDIANO

"As plantas cresciam rápido, com as lágrimas. Não entendia como elas podiam florescer sem sol. Só com sol-idão."
"Onde é que haverá mais solidão, aqui ou entre estrangeiros à sua alma, que circulavam lá fora, atarefados. Nunca tinham regado nada com lágrimas. Talvez nunca tivessem tido a coragem de esfolar um mito. "

segunda-feira, 23 de junho de 2008

EPÍSTOLA DE 21 DE AGOSTO

Estendo em vão os braços para prende-la, ao raiar do dia, quando começo a despertar dos sonhos importunos; à noite, estirado sobre a minha cama, procuro-a, embalde, se a inocente ilusão de um sonho feliz faz-me acreditar que estou sentado junto dela, na campina, cobrindo de beijos a sua mão!
Ai de mim!
Quando, ainda mal desperto, a procuro a meu lado, tateando, e, ao faze-lo, arregalo completamente os olhos à realidade, uma torrente de lágrimas não pode mais ser contida pelo meu coração esmagado. Choro, contemplando cheio de amargura o sombrio futuro que me aguarda.

(OS SOFRIMENTOS DO JOVEM WERTHER)

quarta-feira, 11 de junho de 2008

"A COZINHEIRA FELIZ, A GRANDEZA DA SINCERIDADE"

"Therezinha meu amor. Estás sempre em meu coração. Desde o momento em que a vi meu coração tornou-se cativo de seus encantos. Ao vê-la meiga e bela senti minh´alma perturbada minha vida até então vazia e triste. Tornou-se cheia de luz e esperança acesa em meu peito a chama do amor. O amor que despertou em mim. Therezinha queridinha do coração é iluminado pela sua pureza e encontra em meu coração a grandeza de minha sinceridade. Que felicidade podemos encontrar um dia num coração que pulse junto ao nosso, irmanados nas doçuras e agruras da vida um coração amigo que nos conforte uma alma pura que nos adore e leve ao céu doce balada de amor a mulher querida com que sonhamos. Eternamente seu apaixonado Edgard. Da Therezinha querida peço-lhe. Resposta. Estrada São Luiz, 30-C, Santa Cruz é o meu Endereço."

terça-feira, 10 de junho de 2008

SORRISO

Lá estava ela
A minha procura com seu sorriso.
Passei pela árvore para me perder, mas ela me encontrou.
Seu sorriso branco meio de lado, meio debochado, meio sem querer.

Ma ela me encontrou!

Tinha uma pintinha no canto esquerdo
Eu tentei fugir dela ... ahhh mas deve ser verdade
Ela está em Vênus a sorrir para mim!

Tudo está mais leve está mais blue.
Deve ser a lua e seu sorriso.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

LETRAS PERDIDAS NA SPOTLESS MIND

SEM MAIS NEM PORQUE.
APENAS SINTO FALTA DO QUE NÃO EXISTIU.

O SEU OLHAR (Antunes, Arnaldo)
O seu olhar lá fora
O seu olhar no céu
O seu olhar demora
O seu olhar no meu
O seu olhar seu olhar melhora
Melhora o meu

Onde a brasa mora
E devora o breu
Como a chuva molha
O que se escondeu

O seu olhar seu olhar melhora
Melhora o meu

O seu olhar agora
O seu olhar nasceu
O seu olhar me olha
O seu olhar é seu
O seu olhar seu olhar melhora
Melhora o meu

sexta-feira, 6 de junho de 2008

EU? NÃO CHORO MAIS!

Eu que já nem lembro mais de você.
E sabe, nem me doi, e não fica mais seco, e não me embotam os olhos, e não quero cair.
Eu que sentia saudade, eu que matava e morria, eu que suspirava, eu que era você...já nem sou mais.

E sabe, eu minto...nova mania, eu minto com sorriso safado....minto feio ou bonito, mas minto muito...

E sabe, ainda me confundo.
E sabe, amo você.

sexta-feira, 30 de maio de 2008


Para começar bem, com Caio Fernando.

Porque hoje a saudade está maior.

Talvez o clima ajude ... talvez.

Talvez seja culpa dela, ou daquele maldito editor, talvez.


A verdade é que hoje, nem mesmo a vitamina C me ajudou.

Hoje é dia de talvez.



Prima Volta - SEM ANA, BLUES - CFA

Por todas essas coisas, talvez, é que nestas noites de hoje, tanto tempo depois, quando chego do trabalho por volta das oito horas da noite e, no horário de verão, pela janela da sala do apartamento ainda é possível ver restos de dourados e vermelhos por trás dos edifícios de Pinheiros, enquanto recolho os inúmeros recados, convites e propostas da secretária eletrônica, sempre tenho a estranha sensação, embora tudo tenha mudado e eu esteja muito bem agora, de que este dia ainda continua o mesmo, como um relógio enguiçado preso no mesmo momento - aquele. Como se quando Ana me deixou não houvesse depois, e eu permanecesse até hoje aqui parado no meio da sala do apartamento que era o nosso, com o último bilhete dela nas mãos. A gravata levemente afrouxada no pescoço, fazia e faz tanto calor que sinto o suor escorrer pelo corpo todo, descer pelo peito, pelos braços, até chegar aos pulsos e escorregar pela palma das mãos que seguram o último bilhete de Ana, dissolvendo a tinta das letras com que ela compôs palavras que se apagam aos poucos, lavadas pelo suor, mas que não consigo esquecer, por mais que o tempo passe e eu, de qualquer jeito e sem Ana, vá em frente. Palavras que dizem coisas duras, secas, simples, arrevogáveis. Que Ana me deixou, que não vai voltar nunca, que é inútil tentar encontrá-la, e finalmente, por mais que eu me debata, que isso é para sempre. Para sempre então, agora, me sinto uma bolha opaca de sabão, suspensa ali no centro da sala do apartamento, à espera de que entre um vento súbito pela janela aberta para levá-la dali, essa bolha estúpida, ou que alguém espete nela um alfinete, para que de repente estoure nesse ar azulado que mais parece o interior de um aquário, e desapareça sem deixar marcas.